Um país como o Brasil tem muito que caminhar em termos de proteção à saúde e direitos da mulher. Segundo Iara Amora, do Núcleo de Mulheres Jovens da CAMTRA ( Casa da Mulher Trabalhadora ), " A Lei Maria da Penha deu visibilidades aos casos de violência contra a mulher, porém sua efetividade ainda é falha. Há casos de mulheres que vão a delegacia 5, 6 vezes... denunciam o seu companheiro e voltam para casa ainda desprotegidas." . Além disso, você sabe, eu sei que há milhares que não vão a publico, não chegando à delegacia.ao vizinho sequer
Como toda lei no Brasil, há leis que pegam e outras que não, a depender dos interesses da classe e do gênero dominante. Mas basta ler os jornais e se percebe um aumento nas noticias de violência contra a mulher, que a mentalidade tacanha machista brasileira não se muda de um dia para o outro.
A legislação brasileira, uma das mais machistas do mundo tem mudado aos poucos, a partir das lutas dos movimentos sociais, em especial o das mulheres É importante lembrar que estamos em um país no qual não fazem dez anos que o seu código civil foi modificado.. Para se ter uma ideia, Enquanto o Código Civil de 1916 faz referência ao "homem", o código em vigor emprega a palavra "pessoa"
Você caro leitor, talvez não se lembre da alegação de vários assassinos de mulheres que usavam a legitima defesa da honra para saírem ilesos, como o caso do cantor Lindomar Castilho, na década de 70, por exemplo,
Infelizmente, há exemplos mais recentes e cruéis de violência contra a mulher: o marido que escreveu seu nome no corpo da esposa com faca quente, o professor universitário de direito, o qual matou a namorada (casada) por ela se recusar a continuar a ter um caso com ele.
E mais e mais casos pipocam pelo país afora. Sendo que não há apenas a violência corporal, existem milhões de formas de violências sem ser a física Todos têm como origem o pensamento retrogrado machista brasileiro, o qual considera a mulher como inferior.
Bom, vocês já devem ter visto o comercial estrelado por Gisele Bündchen, de uma marca de lingerie, não é?
Pipocaram aqui e ali algumas discussões sobre o comercial estrelado por Gisele Bündchen, de uma marca de lingerie, HOPE. Na peça, a modelo "ensina" como as mulheres devem comunicar más notícias para seus maridos/namorados. Falar que bateu o carro ou que estourou o limite do cartão de crédito (oi?) vestida não dá certo. Ou, traduzindo, fazer o uso do corpo como passaporte para se safar de situações difíceis e não criar problema
A pedida é mostrar o corpão na hora de comunicar ao macho provedor que você, mulher, não se comportou como ele gostaria.
Agora é hora de um pequeno exercício de imaginação, isto é, continuar a cena em que a notícia é dada quando a modelo está vestida. Se o filme sugere que o melhor é fazer isso pelada, é porque algo aconteceria se ela estivesse com roupas (ou fosse baixinha, gordinha e morena). O homem poderia ficar chateado, dar uma bronca e, quem sabe, até gritar com a pobre acidentada. Na vida real, isso acontece, o que já é bizarro, mas acontece mais, e pior. Acontecem agressões.
Pois como está registrado em qualquer delegacia de atendimento á mulher no país afora, qualquer motivo pode ser o estopim de violência doméstica, basta ser desagradável ao macho provedor.
Ao brincar com os tradicionais padrões do machismo nativo, onde uma loira escultural se fazendo de vítima – especialmente em peças íntimas – consegue o que quer, a agência provocou a atenção da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM). Sob a alegação de que recebeu “reclamações de indignação” a respeito da propaganda, o zeloso órgão público enviou ofícios ao Conselho de Autorregulamentação Publicitária (Conar), pedindo a suspensão da propaganda, e também à companhia, manifestando seu repúdio à campanha.
Coube a empresa HOPE soltar uma nota sobre a campanha alegando que “a propaganda teve o objetivo de mostrar, de forma bem-humorada, que a sensualidade natural da mulher brasileira, reconhecida mundialmente, pode ser uma arma eficaz no momento de dar uma má notícia.
Mais à frente, a Hope recorre a um argumento absurdo: “Foi exatamente para evitar que fôssemos analisados sob o viés da subserviência ou dependência financeira da mulher que utilizamos a modelo Gisele Bundchen, uma das brasileiras mais bem sucedidas internacionalmente. Gisele está ali para evidenciar que todas as situações apresentadas na campanha são brincadeiras, piadas do dia-a-dia, e em hipótese alguma devem ser tomadas como depreciativas da figura feminina”.
Infelizmente, se a fabricante de lingeries HOPE acha que incentivar a prostituição e a violência contra as mulheres é “brincadeiras, piadas do dia-a-dia” em não acho. Não tem em absoluto nada de engraçado.
Há que se fazer algo e rápido, pois percebo um aumento na violência velada contra as mulheres como uma contrapartida pela lei Maria da Penha. E essa campanha da HOPE só contribui para diminuir a mulher e suas conquistas.
Quando uma grande empresa faz questão de destacar na mídia oficial somente "a sensualidade da mulher brasileira", como podemos reclamar quando estrangeiros chegam aqui em busca de turismo sexual?
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