quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Para entender Londres




A cidade de Londres já sofreu com cinco dias de um incêndio catastrófico, que destruiu a cidade na qual Shakespeare montou suas maiores peças.  Na manhã de domingo, 02 de setembro de 1666, a destruição de Londres medieval começou com uma simples faísca. Nos últimos dias, incêndios provocados pela juventude londrina tem chamado a atenção mundial.
O sociólogo Carlos Serrano,  no Facebook, explica:  "Para quem não entende os motivos da revolta em Londres: A polícia metropolitana de Londres já matou 333 pessoas em custódia desde 1998, e ninguém, absolutamente ninguém foi punido. E o crescente dos assassinatos mostra a progressão da violência xenófoba e social.
Ele segue dizendo que a polícia londrina tem se tornado cada vez mais violenta. E, como seria de esperar, violenta principalmente com os imigrantes e nos bairros periféricos. Como de certa forma, faz a policia do estado do Rio de Janeiro nas comunidades carentes
Ele afirma que seria óbvio que isso iria estourar em algum momento, como aconteceu na periferia francesa duas vezes nos últimos anos. Claro, como não são dirigidos por nenhuma organização revolucionária, destruídas em grande parte nos tempos Tatcher, a revolta se expressa apenas pelo exercício assustador da violência como visto nos jornais e na televisão.
Ele alerta que os jovens árabes não estavam saqueando lojas de roupa nem Applestore, eles tinham um projeto ideológico muito mais bem definido. Em Londres a galera só quer ver o circo pegar fogo, até onde eles mesmos se entendem.
Carlos Serrano afirma tacitamente: "È certo que isso era o reflexo previsível da forma como o governo Cameron lidou com a crise financeira, e claro que apesar de eles mesmos não saberem essa revolta é política. E, claro, podem aparecer oportunistas e pilantras no meio, o que será aumentado até a enésima potência pela mídia pró-Estado, que não quer discutir a repressão policial nem a questão da situação de caos da maioria dos imigrantes. Mídia essa que vem sendo desmascarada no último mês, com o caso Murdoch. Se o método deles pode estar errado, se a forma de expressar sua revolta está equivocada, é a única forma que eles aprenderam de expressar uma revolta justa contra a opressão policial".
Porém, há uma pergunta a ser respondida: porque a imprensa ocidental não dá aos jovens ingleses o mesmo apoio que deu aos jovens árabes?
Por que eles não são ingleses? São imigrantes, árabes em muitos casos, na Inglaterra. Em outras palavras, para a imprensa britânica não estão em seu devido lugar.
Mas para a imprensa conservadora, lugar de árabe é nos países árabes. Não devem ter a liberdade de morar nos prósperos países europeus que no passado saquearam o lugar onde nasceram.
 Antes da eleição do atual presidente da França Sarkozy, houve umas revoltas semelhantes a essas nos subúrbios de Paris. O contexto foi o mesmo: violência policial contra jovens imigrantes que tiveram a petulância de reagir. Sarkozy foi eleito pelo público conservador e pelo temor irracional aos imigrantes. Esses conflitos nos subúrbios de Paris já foram tema de um excelente filme chamado "O ódio". Desde então, esses conflitos étnicos só se alastraram e pioraram (vide os atentados de Madrid em 2004).
Será que essa vocação universalista européia realmente vai ser capaz de comportar uma sociedade multicultural em território europeu? Ou sua vocação conservadora vai falar mais alto e criar em graus diferenciados vários regimes de Apartheid? O futuro da Europa depende disso, mas pelo visto recentemente na Noruega os prognósticos não são nada animadores.
            Seja o que for, é melhor que se decidam, pois a economia européia, que se encontra em crise, depende de um posicionamento sobre suas políticas fiscais e benefícios sociais. Seria interessante se eles reconhecessem os imigrantes como cidadãos, já que contribuem de forma igual para a evolução do Produto.
No clássico da banda Sex Pistols, "god save the queen", o último verso talvez traga uma chave explicativa para as revoltas: "no future for you"(nenhum futuro para vocês). É isso que o capitalismo internacional parece dizer hoje à juventude proletária, seja ela formal, informal, precarizada, nacional, imigrante etc.
"Todo apoio a juventude londrina na luta contra a opressão capitalista e a exclusão étnica!!

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