Descaso com Bondinho de Santa Teresa mancha de sangue um tradicional cartão-postal do Rio
Segundo o sociólogo Carlos Serrano, a tragédia do Bondinho de Santa Teresa, o único elétrico ainda a funcionar na cidade, cartão-postal do Rio é a reprodução de uma velha política da direita brasileira: desinvestir num serviço público sucateá-lo, até ganhar o consenso da opinião pública para a privatização. E, claro, ganhar dinheiro com a privataria. Para ele, quem paga, como sempre, são os trabalhadores. Nesse caso, pagaram com a própria vida.
Um preço caro que a população paga por uma coisa que não pediu.
Enquanto isso, o governador do Rio decretou estado de luto pela morte de um jornalista do O Globo... O que sentir por isso?
Raiva?
Angústia?
Solidariedade pelas pessoas que perderam a vida?
Cinco pessoas morreram e 54 ficaram feridas na tarde do dia 26 de agosto, sábado, depois que um bonde de Santa Teresa descarrilou e tombou quando descia a Rua Joaquim Murtinho, na altura do número 273, perto do Largo do Curvelo. Segundo o comandante do Destacamento de Bombeiros do bairro, Fábio Couri, quatro pessoas morreram na hora. Uma das vítimas chegou a ser levada ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos.
Entre os mortos, estava o motorneiro que conduzia o veículo, que chegou a ser socorrido, não resistiu aos ferimentos e morreu a caminho do hospital. Ele foi identificado como Nelson Correa da Silva, de 57 anos, e trabalhava dirigindo bonde há mais de 20 anos. Segundo testemunhas, ele fazia aniversário no sábado do acidente. Nascer e morrer no mesmo dia.
O sistema de bondes, na época de sua operação pela extinta Companhia de Transportes Coletivos(CTC), empresa do Estado do Rio de Janeiro, tinha uma frota operacional de apenas 10 veículos e operava com intervalos entre partidas da estação Carioca de 15 minutos. O sistema transportava de 25 a 30 mil passageiros por mês.
O secretário de Transportes, Julio Lopes, esteve em Santa Teresa na noite do acidente e lamentou o ocorrido, que, para ele representa uma “tragédia para o turismo na cidade”. Senhor Julio, pessoas morreram, e isso é uma tragédia para as famílias destas. Um fatídico cenário que vinha se materializando através das precárias condições de funcionamento dos equipamentos que não correspondiam aos apelos da comunidade local e de seus representantes.
Provavelmente vão querer culpar aqueles que mais sofreram e sofrem com a péssima estrutura da rede onde trabalham, e que já haviam alertado sobre elas: os trabalhadores da Companhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística (CENTRAL), empresa estatal fluminense responsável pelo transporte de passageiros.
Culpo as gestões anteriores, que não deram a atenção e as verbas necessárias para manter esse símbolo do Rio de Janeiro, visto que a manutenção não é feita há um tempo. E diretamente o Sr. Sérgio Cabral, governador irresponsável e assassino, por essa tragédia, que mancha de sangue de trabalhadores as ruas de Santa Teresa.
Max Laureano
maxlaureano@gmail.com
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