segunda-feira, 8 de agosto de 2011

70 mil policiais “olímpicos” até 2016





Há algum tempo escrevi sobre a tradição das forças policiais brasileiras de matar pessoas, as quais elas consideravam descartáveis, ou como chamei “matáveis”, através do uso do instrumento legal denominado auto de resistência. Correlacionando tal prática com a morte brutal do menino Juan na Baixada Fluminense, a qual os principais acusados são policiais militares.
Pois bem, algo em deixou revoltado e constrangido. Li esta semana que a Justiça do Rio de Janeiro autorizou a exumação do corpo do menino Juan Moraes, 11 anos, morto por policiais na favela Danon, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, no início do mês de junho. O juiz da 4ª Vara Criminal de Nova Iguaçu aceitou o pedido feito na quinta-feira pelo defensor público Antônio Carlos de Oliveira
Não...Estão querendo exumar o corpo do menino Juan, por suposto erro, poderia não ser o corpo dele. A defesa dos policiais está solicitando isso. INACREDITÁVEL.  Daqui a pouco vão acusar o menino morto de agressão póstuma aos policiais acusados de matá-lo, em mais um possível caso de Culpabilização da vítima.  Isso sim fere os direitos humanos, como não estará a família  da vitima?  Mais uma pra coleção de absurdos desse país.
O que leva a outro absurdo, no qual o  policial militar acusado de envolvimento na morte do coordenador do AfroReggae, Evandro João da Silva, em outubro de 2009, ficará 30 dias preso administrativamente. A decisão, divulgada nesta quarta-feira, foi do secretário de forças policiais, José Mariano Beltrame. O capitão da PM foi punido por prevaricação, que seria retardar ou deixar de praticar ato de ofício para satisfazer interesses pessoais. Ou seja, confirma-se a tradição na PM do estado do rio de Janeiro de eleger quem pode ou não ser morto. Como ele pensava que quem agonizava na agência do banco era só mais um “elemento”, não cumpriu seu papel de proteger todo e qualquer cidadão.
O coordenador social do Grupo Cultural AfroReggae, Evandro João da Silva, foi assassinado na madrugada do dia 18 de outubro de 2009, ao reagir a um assalto quando passava na esquina das ruas do Ouvidor e do Carmo, no centro do Rio. Câmeras de segurança de lojas próximas ao local do assassinato registraram a presença de dois policiais militares, que chegaram a abordar os dois assaltantes, mas depois os liberaram, ficando com um par de tênis e uma jaqueta de Evandro. As imagens também mostram que os PMs não prestaram socorro à vítima, que estava
            Como o coordenador do AfroReggae era alguém não morrivel, isto é, não poderia ter sido morto,  sem a sociedade e os movimentos sociais exigirem respostas sobre tal crime, foi dada tal punição. Talvez o policial no caso recebesse uma punição maior se tivesse ido para o seu quartel sem ter engraxado suas botas.
Infelizmente é essa a lógica atual das forças de seguranças no estado do Rio de Janeiro. E a tendência é piorar, se algo não for mudado, pois Ao saber que os chineses empregaram 70 mil policiais para suas Olimpíadas o governador Sérgio Cabral determinou que a PM chegasse ao teto de 60.484 integrantes.  o Rio passaria a ter os 70 mil policiais “olímpicos” até 2016, ao se levar em conta os efetivos de aproximadamente 10 mil da Polícia Civil. Com um policial para cada 228 habitantes, o Rio de Janeiro passaria a ter um dos maiores contingentes policiais do planeta (São Paulo tem um para cada 303;
Tal saída é tema recorrente na história das polícias: o cacique político manda contratar mais policiais, em curto espaço de tempo, para atender uma demanda política por mais segurança. o que acaba gerando  policiais de baixa qualidade, sempre que há pressa na contratação e formação desses profissionais.
Me preocupa e a algumas pessoas alguns elementos tais como será a formação desses  20 mil novos policiais, nesse curtíssimo tempo de cinco anos? Isso vai significar concursos abertos, com pelo menos o recrutamento de 200 mil candidatos com o perfil básico adequado (idade, altura, 2º grau completo, isenção de problemas com a lei etc); o último concurso teve quase 50.000 inscritos, destes somente 1200 chegaram a se formar.
Uma formação correta para tal contingente significaria comprimir em cinco anos cerca de 6,5 milhões de horas de aula, além de 10 milhões de projéteis para treinamento de tiro. Será que  Estado do Rio de Janeiro tem condições e interesse  de fazer tudo isso com a qualidade mínima requerida? Com a lógica de proteger o cidadão, inclusive o que mora em comunidades carentes?
Muito provavelmente será comprometida a qualidade,indo para as ruas policiais que darão de trabalho de maus serviços a problemas éticos e criminais graves. Tais fatos se darão na PM do Rio, não como possibilidade, mas com certeza absoluta. Vide os exemplos listados acima, com os atuais membros da cooporação.
A possibilidade de o senhor Sérgio Cabral criar mais e mais casos de meninos Juans covardemente mortos, sem serem punidos os autores desses crimes é assustadora.

2 comentários:

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  2. Pode parecer absurdo o que vou dizer, mas há tempos conheci um rapaz que entrou para a Polícia Militar do Rio de Janeiro e que com apenas 2 meses de corporação, passou a possuir uma arma de fogo para atuar nas ruas. Como ter preparo para usar uma arma que mata facilmente com apenas 2 meses de treinamento?! Por treinamento, entenda-se não a prática para o manejo do equipamento, mas a competência, o discernimento para agir, tendo em vista a segurança dos cidadãos. O Estado culpabiliza a pessoa do policial militar e, com isso, encobre e prorroga a própria imprudência. Sendo assim, não acharia tão mais absurdo que, tendo cometido um crime por imprudência, um policial militar movesse um processo contra o Estado.

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