Eu sou Palhaço. E você?
Segundo o Moderno Dicionário Michaelis da Língua Portuguesa, a palavra Palhaço significa:
pa.lha.ço adj (ital pagliaccio) Vestido ou feito de palha. sm 1 Artista de circo que diverte o público com pilhérias e momices. 2 Pessoa que, por atos ou palavras, faz os outros rirem. 3 gír Pessoa fácil de ser enganada. Fazer alguém de palhaço: zombar de alguém, iludir alguém.
O nome palhaço, como foi dito, vem de pagliaccio (omino di paglia, ou "homem de palha"). Isso remonta à pessoa humilde do campo que chega à cidade grande e, muitas vezes, não consegue emprego. Logo, pois, fica sem condições de se manter. Passa a viver na rua, às vezes embriaga-se com cerveja, cuja espuma fica ao redor da boca (é a maquiagem branca), e, de tanto tropeçar nas próprias pernas e cair com o nariz no chão, acaba ficando om o nariz vermelho (é o nariz vermelho, característico da assunção da figura de palhaço). Por não ter dinheiro para comprar roupas, ganha suas roupas de outros, mas estas não lhe servem: por isso, tem uma calça mais curta ou mais larga ou então um sapato muito grande, ou então um casaco grande demais, peças descombinadas e desproporcionadas entre si.
O palhaço só aparece numa relação com outra pessoa. Sua principal função é a graça, tanto no sentido de engraçado como no sentido de gracioso. Ele acaba por ser engraçado pelo fato de revelar o ridículo que todo humano carrega consigo, assim como a capacidade que todos têm de errar e de perder a qualquer momento.
Entretanto, há também o palhaço mais dramático, melancólico, ou romântico (por exemplo, alguns palhaços já têm aplicada uma lágrima em seu rosto e roupas relativamente simples).
Eu, que propositalmente ou não, por atos ou palavras, já fiz os outros rirem, entendo que por vezes não se sente vontade de fazer humor, ou se desiste da fé, algo que para nós, por dentro, pode doer. Como disse Fernando “Pessoa:” O poeta é um fingidor. Finge tão completamente. Que chega a fingir que é dor. A dor que deveras sente”
Fui ver o filme O Palhaço. Dirigido estrelado por Selton Melo. É um filme que parece uma poesia em forma de cinema. Sei que Clássicos são incomparáveis. Porém para mim, este já nasceu um filme clássico. Vai mais fundo do que “Bye Bye Brasil” na alma brasileira. Tão sutil quanto “Cinema Paradiso”, no elogio a uma arte, e de uma beleza plástica maior do que Fellini na escolha e composição dos personagens.
A luz está perfeita. Mostrando as montanhas de Minas, os movimentos da câmera acompanhando e guiando você pela história nos momentos certos. As gags e piadas em um ritmo fluido. Conseguindo aliar o humor leve, quase naif dos filmes da década de 50 de Mazzaropi, ao crítico de "A Marvada Carne", ao mostrar o personagem saído do seu lugar, atrás de seu sonho de consumo(onde antes era a carne, agora é um ventilador). Depois da moda de filmes de crianças, feito para adultos, como em “Shrek”, O Palhaço é um filme de adultos, feito para criança.
E ainda há as homenagens feitas a personagens do Humor clássico brasileiro. Reencontramos Ferrugem, Zé Bonitinho e Wilton Franco, com seu gato, Lincoln. A trilha sonora não perde para nenhum road movie americano ou italiano. E até s créditos dão um show a parte. Descobre-se que o elenco teve um "Personal Palhaçator". Talvez este tenha feito toda a diferença
Sei que é ousado este meu breve comentário, mas é para lhe instigar a ver o filme mesmo.
A pessoa faz o que sabe: o gato bebe leite. O rato come queijo. Eu sou palhaço. Eu você?
Se você gostou do filme, e também é um(a) palhaço(a), compartilhe.
“Max Laureano é um palhaço”: segundo suas filhas Clara e Sofia de Paiva Laureano
Nenhum comentário:
Postar um comentário