A FLIP e os desafios da leitura
A FLIP- Festa Literária Internacional de Paraty chega à sua 9ª edição, tendo se consagrado como um mega evento dedicado à literatura, que anualmente atrai milhares de pessoas à deliciosa cidade de Paraty, no estado do Rio de Janeiro. Elas vão lá querendo participar doas palestras com escritores e celebridades famosas, apreciar uma culinária diferente e gostosa, conhecer a cidade(linda por sinal!), ver gente bonita e ser visto(a)... e eventualmente, até comprar livros.
Sejamos sinceros, é difícil viver de livros em um país no qual a quantidade de analfabetos no Brasil acima de 15 anos (14 milhões de pessoas), coloca o país no grupo das 11 nações com mais de 10 milhões de analfabetos, ao lado do Egito, Marrocos, China, Indonésia, Bangladesh, Índia, Irã, Paquistão, Etiópia e Nigéria. Isso sem contar outros tantos analfabetos funcionais. Além disso, segundo o Instituto Brasileiro de Alfabetização Funcional (INAF) apenas 26% dos brasileiros de 15 a 64 anos mostraram capacidade de ler, entender e resumir textos longos e encontrar informações neles — alfabetização plena.
Mas estranhamente temos um país com 650 editoras, e com 2.680 livrarias em território nacional. 68% delas estão no sudeste, sendo a maioria delas nas capitais, concentradas especialmente Rio e São Paulo.
A partir diso tudo, como tornar o livro um objeto com status, desejado como se fosse um bem indispensável na vida das pessoas?
Mesmo com o crescimento da renda como um todo no país - vide a nova classe média, que com seus poderosos carnês, vem acabando com os estoques de carros usados, laptops, computadores e TV’s de plasma – não se percebe um aumento no interesse pela leitura. Somos ainda um país de telespectadores, seja vendo a “Grobo” ou assistindo comédia stand up no Youtuba( que dó, que dó, que dó!).
Até mesmo li uma vez uma em uma revista semanal de grande circulação, um de seus articulistas afirmando que para se ser rico no Brasil, não se deveria ler, citando como exemplos várias pessoas ricas, famosas que não leriam, como Carla Perez (ah vahh!), Emilio de Moraes( duvido!) e todos os pagodeiros e cantores sertanejos.
Mas o desafio do título não é para a FLIP e sim para vocês, meus 5.487.154.841 leitores, para que percebam o quanto ainda falta para que este país seja um país de leitores críticos, conscientes de seus direito.
Façam o seguinte: deixem um livro (se possível de valor alto, novo, famoso, ou não) em um lugar aberto movimentado, praça, rua, etc em qualquer lugar do país. E verifiquem por quanto tempo ele fica lá, tadinho, largado, e que ninguém, ou quase ninguém o pega, e sai procurando o dono, olhando para os lados.
Depois façam o mesmo com um DVD ou CD, mesmo que com a capa de pirata, baratinho, e vejam em quanto tempo alguém se abaixa para pegá-lo.
Outro desafio é percorrer um shopping e contar quantas pessoas andam com livros na mão, ou sentam nas praças de alimentação, ostentando seus livros.
As conclusões desses desafios? Deixo para vocês, após os fazer.
Enfim, boa FLIP a tod@s. Que bom que houvesse FLIP’s no morro do Borel, no morro do Alemão, em todo lugar.
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