Fome de Leitura
"É preciso, pois, ler muito. Muito mesmo.
A esse respeito, não podemos ter dúvidas: é preciso, ainda, ler tudo,
absolutamente tudo. Não se recomendam livros. Todos os livros são bons, porque
são livros. Há em todas as obras literárias, uma ideia, um pensamento, uma
frase, interessante. O essencial era, e é, assinalar esse pensamento único.
Porque é preciso ler. Em literatura, só pode haver um critério: a ausência de critérios estéticos.
Porque é preciso ler. Em literatura, só pode haver um critério: a ausência de critérios estéticos.
O meu desejo é, pois, que os patrícios continuem a ter uma desesperada
fome de leitura, e que os livreiros lucrem imenso com tal voracidade."
Carlos Drummond de Andrade
Pensando no que Drummond recomenda acima, vem a pergunta: As pessoas, neste país que se diz uma das maiores economias do mundo, leem tão pouco porque os livros são caros, ou os livros são caros porque se lê pouco? É um ciclo viciado? Como romper com essa tradição?
Uma vez ouvi duas coisas que me deixaram surpreendido, dito por pessoas que tem o ensino superior completo. A primeira foi o seguinte: "compra esse livro não, cara, pois eu tenho o DVD!"
A segunda, dita em frente à UERJ: "o livro tá barato e vou precisar dele, mas se eu comprar, fico sem o dinheiro pra cerveja daqui a pouco"...
E, dado interessante, onde moro, o único sebo de livros usados que tinha faliu. Mas toda semana surge um novo salão de beleza.
Essas situações de certa forma, refletem o valor que a nossa sociedade, sociedade do consumo compulsivo, dá a prática da leitura. É como se dissessem “pra que eu quero um sebo? meu cabelo é bem mais importante!”.
E, dado interessante, onde moro, o único sebo de livros usados que tinha faliu. Mas toda semana surge um novo salão de beleza.
Essas situações de certa forma, refletem o valor que a nossa sociedade, sociedade do consumo compulsivo, dá a prática da leitura. É como se dissessem “pra que eu quero um sebo? meu cabelo é bem mais importante!”.
Claro que o ideal seria a
pessoa ter dinheiro para cuidar do cabelo e comprar livros, e não ter que
escolher entre um ou outro.
Uma pena mesmo, pois Cultura parece não ter valor aqui, infelizmente, mas ainda bem que ainda existem pessoas que pensam como Drummond, que leem livros, pelo simples prazer da leitura, e não por obrigação. Eu particularmente não entendo como alguém não aprecia a viagem da leitura.O pensador francês Roland Barthe afirmava que ao ler se estabelece um pacto entre o leitor e a obra, no sentido de levar o leitor ao mundo da fantasia.
Uma pena mesmo, pois Cultura parece não ter valor aqui, infelizmente, mas ainda bem que ainda existem pessoas que pensam como Drummond, que leem livros, pelo simples prazer da leitura, e não por obrigação. Eu particularmente não entendo como alguém não aprecia a viagem da leitura.O pensador francês Roland Barthe afirmava que ao ler se estabelece um pacto entre o leitor e a obra, no sentido de levar o leitor ao mundo da fantasia.
Quando o livro é "pesado", ruim, esse pacto seria rompido. Perdendo-se até
mesmo o "prazer táctil". Isto é, a alegria que temos quando abrimos um livro, o prazer do texto. Já o revolucionário russo Leon Trotsky dizia mais que isso. Para ele, o Jornal e seu leitor, escritores, jornalistas e afins deveriam respeitar o direito básico do leitor: ler, compreender e julgar por si próprio.
Sei que na França se lê 5 livros por ano. Ano passado eu li 35, Acho que no geral o brasileiro lê de 2 a 3 livros por ano (vi isso em algum lugar) e isso tende a crescer com a diminuição do preço do livro.
O que nos leva a algumas perguntas: quantos somos? Qual o tamanho da população brasileira? Quantas bibliotecas públicas existem para essa população? E editoras e distribuidoras de livros? Quem escreve o que e para quem neste país? O nível de leitura está de acordo com a distribuição econômica?
Segundo dados publicados pela ANER(Associação Nacional de Editores de Revista), o ano de 2011 registrou bom índice de crescimento no número de títulos e editoras de revistas no Brasil. Os números do Instituto Verificador de Circulação (IVC) e das distribuidoras, mostram que a quantidade de títulos subiu 22,8% em comparação ao ano anterior, já o número de editoras cresceu 14,9% em relação ao mesmo período. Um ponto positivo do levantamento foi o aumento no faturamento de circulação, que segue crescendo há 10 anos e teve aumento de 2,84% no ano passado.
O que nos leva a algumas perguntas: quantos somos? Qual o tamanho da população brasileira? Quantas bibliotecas públicas existem para essa população? E editoras e distribuidoras de livros? Quem escreve o que e para quem neste país? O nível de leitura está de acordo com a distribuição econômica?
Segundo dados publicados pela ANER(Associação Nacional de Editores de Revista), o ano de 2011 registrou bom índice de crescimento no número de títulos e editoras de revistas no Brasil. Os números do Instituto Verificador de Circulação (IVC) e das distribuidoras, mostram que a quantidade de títulos subiu 22,8% em comparação ao ano anterior, já o número de editoras cresceu 14,9% em relação ao mesmo período. Um ponto positivo do levantamento foi o aumento no faturamento de circulação, que segue crescendo há 10 anos e teve aumento de 2,84% no ano passado.
A circulação, entretanto, teve leve queda de 2,2%, o que foi suficiente para quebrar a série de quatro anos de crescimento consecutivo que vinha sendo registrado.
Em números absolutos, o mercado brasileiro teve 5.779 títulos em circulação no país durante o ano passado, o maior índice desde 2000. Já a quantidade de editoras chegou à marca de 370 em 2011, o maior número registrado nos últimos sete anos.
Mas é certo que o Brasil mudou para melhor, seja em comparação com ele mesmo, há dez e há vinte anos, seja em comparação com outras nações emergentes do mundo. De certa forma, a Leitura faz parte desse processo, pois como dizia Monteiro Lobato, um país se faz com pessoas e livros.